Gordura marrom como fator limitante na avaliação linfonodal de pacientes com carcinoma bem diferenciado da tireoide ao estudo de PET-CT com FDG-18F: relato de dois casos

XXVI Congreso Brasileño de Medicina Nuclear 11 de octubre al 14 de octubre de 2012 Salvador de Bahía, Brasil
Publicidad

INTRODUÇÃO: O câncer da glândula tireoide é a neoplasia maligna mais comum do sistema endócrino, acometendo mais o sexo feminino entre 25 e 65 anos, sendo a cirurgia seguido de radioiodoterapia (RIT) o tratamento padrão.1 No seguimento desses pacientes, a Pesquisa de Corpo Inteiro com Iodeto-131I (PCI) pode ser negativa mesmo com níveis séricos aumentados da tireoglobulina (TG). As principais causas disso são as micrometástases e a desdiferenciação das células tumorais, que perdem a capacidade de concentrar iodo pela diminuição dos transportadores Iodo-Sódio nas células.2,3,4 Nos pacientes em que as metástases sofrem desdiferenciação, a PCI tem sua eficácia comprometida sendo necessários outros métodos de imagem. O PET-CT com FDG-18F (PET) está indicado nos casos com níveis séricos de TG>10ng/mL.5 A Gordura Marrom (GM) é um dos fatores que dificulta a avaliação do PET nesses pacientes já que se localiza principalmente na região cervical/supraclavicular6, coincidindo com as áreas de recidiva linfonodal desta doença. Para minimizar erros de interpretação, utiliza-se protocolos com benzodiazepínicos ou betabloqueadores, que evitam a captação do FDG pela GM.

RELATO: R.A.M., 34 anos, sexo feminino, com diagnóstico de carcinoma papilífero, variante folicular, diagnosticado em 2008. Tratada com tireoidectomia total e RIT (150mCi de Iodeto-131I). Em Mai/12, com TG sérica de 11ng/mL e TSH>30mUI/ml, realizou PCI que foi negativa. Ainda em hipotireoidismo, realizou PET que mostrou alta captação do FDG em GM da região cervical e supraclavicular, dificultando a interpretação do estudo (Foto1). Repetiu-se o PET após 4 dias, com administração oral de 5mg de Diazepam, 1h antes da injeção do FDG, que demonstrou claramente um linfonodo hipermetabólico em cadeia jugular baixa à direita, com SUVmax de 2,2 (Foto2 e 3). D.P.S., 32 anos, sexo feminino, diagnosticado carcinoma papilífero, variante folicular, em 2007. Realizada tireoidectomia total com esvaziamento cervical parcial à direita (5+/10) e RIT (150mCi de Iodeto-131I) em 2008. Em Mar/12 realizou PCI com níveis séricos de TG de 14ng/ml e TSH>30mUI/ml, que não identificou áreas de hipercaptação anômala (Foto4). Alguns dias depois, ainda em hipotireoidismo, realizou o PET que demonstrou hipercaptação aumentada em GM nas regiões cervical e supraclavicular (Foto 5). Novo PET, após protocolo com Diazepam, mostrou linfonodo hipermetabólico no nível V à direita, com SUVmax 3,0 (Foto6 e 7). A análise histopatológica e imunohistoquímica desses linfonodos confirmou o envolvimento neoplásico secundário.

DISCUSSÃO: Os casos relatados sugerem que os hormônios tireoidianos, por participarem da regulação térmica, podem induzir ao aumento da captação do FDG pela GM, dificultando a interpretação do exame e aumentando a chance de resultados falso-negativos. Apesar de ser necessário um maior número de pacientes para confirmar esses indícios, o uso de rotina de benzodiazepínicos em pacientes em hipotireoidismo, parece ser uma estratégia eficaz para evitar a presença de captação do FDG em GM.