Diferenciação de neoplasia neuroendócrina versus gist com octreotidio-99mTc: relato de caso

XXVI Congreso Brasileño de Medicina Nuclear 11 de octubre al 14 de octubre de 2012 Salvador de Bahía, Brasil
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Introdução: Neoplasias neuroendócrinas representam uma gama variada de tumores raros descobertos há mais de 100 anos. Por vezes associados a síndromes hereditárias (como as síndromes de neoplasias endócrinas múltiplas), muitas vezes são esporádicos e não hereditários, tendo incidência de 5 por 100000 na população adulta. Podem ser funcionantes ou não-funcionantes, sendo a forma clássica de apresentação clínica das neoplasias funcionantes a Síndrome Carcinóide. Muitos de seus subtipos histológicos, especialmente em estágios bem-diferenciados, apresentam receptores inibitórios de somatostatina (família de receptores SSTR), permitindo não só o controle da síndrome carcinóide com análogos da somatostatina como seu diagnóstico ou mesmo terapia com análogos marcados. Os tumores estromais gastrointestinais (GIST), cujos locais de lesão primária se sobrepõem em parte com os locais de tumores neuroendócrinos, por outro lado, raramente apresentam receptores SSTR, tendendo a apresentar receptores para outros peptídeos, como bombesina, peptídeo vasoativo intestinal (VIP) e colecistoquinina. Isto permite diferenciá-los de tumores neuroendócrinos com o uso da cintilografia com octreotidio marcado, fato que foi de valia no caso clínico aqui descrito.

Relato: Paciente de 47 anos, sexo feminino, com antecedente de gastrite, iniciou quadro clínico de hematêmese e melena. Realizou endoscopia digestiva alta que evidenciou lesão em submucosa gástrica de cerca de 4 cm de diâmetro, inicialmente pensada como GIST, com biópsia da lesão e subsequente revisão de lâmina indicando “provável tumor neuroendócrino”, mas sem completa definição diagnóstica. Foi solicitada então cintilografia com octreotidio marcado com 99mTc (HYNIC-TOC-EDDA-99mTc). Imagens de corpo inteiro nas projeções anterior e posterior foram realizadas horas após a injeção venosa de 260 MBq do radiofármaco. Foram obtidas, também, imagens estáticas e/ou SPECT/CT do abdome e pelve 1, 4 e 24 horas após a administração do material. Foi evidenciada uma área focal de acentuada hipercaptação do radiofármaco próxima ao baço, sendo que as imagens SPECT/CT demonstraram sua localização na região gástrica próxima à cárdia, correspondente a massa de cerca de 5 cm de diâmetro. Não foram evidenciadas outras áreas de captação anormal do radiofármaco, sendo o exame, portanto, negativo para metástases e positivo para neoplasia neuroendócrina primária.

Discussão: Tanto os tumores do tipo GIST como tumores neuroendócrinos frequentemente ocorrem no estômago e podem ter apresentação clínica inicial muito semelhante. As condutas cirúrgicas diferem significativamente: cirurgia gástrica conservadora para GIST e gastrectomia radical para tumor neuroendócrino. No presente caso, em que a biópsia não foi totalmente conclusiva, a demonstração por imagem da presença de receptores para somatostatina na lesão tumoral, abundantes nos tumores neuroendócrinos, mas não em GIST, contribuiu para a definição da conduta cirúrgica e o caso foi conduzido como tumor neuroendócrino sem metástases.