Maria Cecília Dambros Gabbi

Introdução: A cintilografia de bolsa escrotal/testicular foi por muitos anos o método de preferência para diagnóstico diferencial de varicocele e entre epididimite versus torção testicular. Com o advento da ecografia, esse método perdeu um pouco o seu valor. Entretanto, é um exame sensível para detectar alterações perfusionais e do pool sanguíneo venoso com boa correlação entre imagem/fisiopatologia de algumas doenças urológicas.
Objetivos: Apresentar dados que revelem a busca etiopatológica da doença escrotal e identificar as diversas fases do protocolo investigativo cintilográfico.
Material e Métodos: Análise retrospectiva de imagem, laudo e informações clínicas de todos os pacientes que realizaram cintilografia testicular/escrotal de maio/2001 a junho/12. Foram analisados o número de exames, indicação, protocolo, alterações cintilográficas e impressão diagnóstica.
Resultados: Foram analisados 84 exames: Destes, 80 com suspeita de varicocele; 2 de epedidimite e 2 de torção testicular. Dos pacientes com suspeita de epedidimite: 50% tiveram cintilografia positiva (100% acometendo o lado esquerdo) e 50% exame normal. Dos pacientes com suspeita de torção: 100% cintilografia positiva, acometimento lado esquerdo. Dos 80 pacientes com suspeita de varicocele: 21,25% obtiveram cintilografia normal (1 paciente com hidrocele ). Os outros 78,75% obtiveram cintilografia anormal (dos quais 82,5% acometendo somente lado esquerdo; 6,3% acometendo somente lado direito; 11,2% bilateral). Das alterações cintilográficas suspeitas de varicocele: 62% tiveram alteração somente nas imagens precoces e 38% com alterações nas imagens de fluxo sanguíneo e precoce. Todas as imagens suspeitas de varicocele apresentaram alteração na imagem precoce e ocorreram da seguinte maneira: 6,35% alteraram a perfusão testicular somente após manobra de Valsalva, 42,85% tiveram estudo precoce alterado sem modificação com Manobra de Valsalva e 50,8% obtiveram estudo precoce alterado com incremento da perfusão após Manobra de Valsalva.
Conclusão: Conclui-se que os dados estatísticos de prevalência da patologia escrotal/testicular é coincidente com a literatura para testículo esquerdo. O estudo demonstra a obrigatoriedade de alterações cintilográficas na fase precoce sem a necessária alteração de fluxo para diagnóstico de varicocele e a importância da realização da Manobra de Valsalva na elevação da sensibilidade e especificidade do diagnóstico diferencial das patologias escrotais.