Anderson De Oliveira

Introdução: Nos últimos anos, o problema da atenuação em estudos de cintilografia de perfusão miocárdica tem sido estudado por diversos pesquisadores em todo o mundo. Na grande maioria dos casos, feixes de raios-X são empregados para gerar mapas de coeficientes de atenuação, os quais são utilizados apara corrigir as imagens de emissão. A utilização desta técnica, entretanto, tem gerado dúvidas quanto inacurácias provenientes da correção da atenuação.
Objetivo: Analisar, quantitativamente, os efeitos da utilização dos feixes de raios-X na correção da atenuação.
Materiais e Métodos: Foi utilizado um fantoma antropomórfico modelo RDS 860, com 250 μCi de atividade injetada no coração. O equipamento utilizado foi um SPECT (do inglês Single Photon Emission Computed Tomography) da marca SIEMENS, modelo SymbiaT2, com dois detectores. O equipamento foi ajustado para realizar 32 paradas, órbita elíptica de 180º, detectores formando 90o entre si e um colimador de alta resolução. O tempo de parada foi de 10 s e a matriz de aquisição foi de 64x64 pixeis. O feixe de raios-X foi ajustado com os parâmetros: 80 mAs e 120 kV. Foram executadas duas aquisições completas simulando uma cintilografia de perfusão miocárdica: (1) sem a camada simuladora da gordura do tórax feminino e (2) com a camada de gordura. Foram empregados os mesmos parâmetros para aquisição e processamento das imagens em ambas situações. Os valores das contagens do miocárdio após o processamento para os dois exames foram comparados a fim de determinar um fator médio de compensação da atenuação. Os dados são apresentados como média ± desvio-padrão. Foi utilizado teste o teste t para dados paramétricos e os testes de Wilcoxon e Mann-Whitney para os demais. Valores de probabilidade menores que 0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
Resultados: Foi encontrada uma correlação forte entre os resultados dos dados sem correção da atenuação e sem a camada de gordura (SCSG) com os dados sem correção da atenuação com a camada de gordura (SCCG), r = 0,729 e p < 0,001. Notou-se também correlação forte entre os resultados dos dados com correção da atenuação e sem a camada de gordura (CCSG) com os dados com correção da atenuação com a camada de gordura (CCCG), r = 0,662 e p < 0,001. Não houve correlação entre os valores sem correção e com aqueles com correção. Em todos os casos p > 0,05. Foi verificada diferença entre SCSG vs SCCG, 6071,11 ± 1725,24 vs 4892,04 ± 1325,75, respectivamente, p < 0,001. Entre CCSG e CCCG não houve diferença significativa, 34684,84 ± 8796,04 vs 35928,62 ± 11444,86, p = 0,288. Os valores sem correção quando comparados aos valores com correção apresentaram diferença, p < 0,001.
Conclusão: A correção de atenuação pelo CT cria uma nova escala de contagens nas imagens pós-processamento. Essa nova escala tem diferenças na magnitude da variabilidade das contagens, entre as diversas regiões do coração. Esses achados podem ter implicações nas interpretações clínicas dos exames.