Claudio Tinoco Mesquita

Fundamento: Vários trabalhos evidenciam alteração da ativação adrenérgica dos pacientes portadores de insuficiência cardíaca (IC) com fração de ejeção reduzida (ICFER). Todavia, a ativação adrenérgica dos pacientes que apresentam IC com fração de ejeção normal (ICFEN) é pouco conhecida. Objetivo: Comparar o perfil de ativação adrenérgica cardíaca através do MIBG-¹²³I em pacientes com ICFER versus ICFEN.
Metodologia: Foram estudados 13 pacientes com ICFEN e 28 pacientes com ICFER do ambulatório de cardiologia da nossa instituição. O trabalho apresentado utiliza o radiotraçador MIBG-¹²³I para avaliar a ativação adrenérgica nesses pacientes ambulatoriais. Os dados são apresentados como média ± desvio-padrão. Foi utilizado teste o teste t de Student para dados com distribuição normal e os testes de Wilcoxon e Mann-Whitney para os demais. Valores de probabilidade menores que 0,05 foram considerados estatisticamente significativos. O trabalho foi aprovada na comissão de ética de todas as instituições envolvidas.
Resultados:Dos pacientes com ICFEN, 43% são do sexo masculino e sua média de idade é de 61,1 anos. Dos pacientes com ICFER, 63% são do sexo masculino e sua média de idade é de 55,0 anos. A relação coração/mediastino do radiotraçador nas imagens de 30 minutos foi significativamente menor no grupo com ICFER em comparação ao grupo com ICFEN: 1,59 ± 0,19 vs. 1.81 ± 0,25; p=0,015; respectivamente. A relação coração/mediastino do radiotraçador nas imagens de 4 horas foi significativamente menor também no grupo com ICFER: 1,56 ± 0,19 versus 1,73 ± 0,27; p= 0,021. Foi verificado, ainda, que os valores da taxa de Washout (ICFEN: 0,28 ± 0,14 versus ICFER: 0,31 ± 0,14) para esses 2 grupos não apresentou diferença significativa (p=0,431).
Conclusão: Foi observada uma diferença importante no perfil de ativação adrenérgica entre a ICFER e a ICFEN. Estes achados podem contribuir para o entendimento da diferença de apresentação clinica dos quadros de Insuficiência Cardíaca e da menor resposta dos pacientes com ICFEN à terapia com beta-bloqueadores e permite que se postule novos mecanismos para o tratamento desta condição.
Instituição: Setor de Medicina Nuclear, Hosp Univ Antônio Pedro, Uff, Niterói, RJ; Hosp Pró-CardíAco, RJ